Pela primeira ou décima vez

Todo adolescente tem o sonho de viver um amor de escola. Alguns conhecem a primeira paixão quando ainda são crianças, na segunda ou na quinta série. Outros vêm seus corações partidos pela primeira vez nessa mesma época e ainda há aqueles que nem mesmo chegam a conhecer esse sentimento que todo mundo diz fazer as pernas tremerem e o coração bater aceleradamente. De uma ou de outra forma, ainda que secretamente, quando a gente cresce mais um pouco e enjoa de assistir a certos programas, larga a boneca ou o carrinho e os troca pelo celular, hormônios e tardes de cinema, show e festas, continuamos a desejar alguém para andar de mãos dadas pelo corredor da escola.

As garotas raramente abandonam o desejo de ter alguém que as admire secretamente e por favor, deixe um bilhetinho dentro do seu caderno dizendo o quanto ela é linda. Descer as escadas para o pátio em um ritmo mais acelerado sabendo que tem alguém lá em baixo que reservou um lugar para vocês ficarem conversando, rindo mais do que realmente falando alguma coisa e que essa pessoa é aquela que faz você se sentir feito uma boba para vê-lo outra vez desde o momento que o despertador toca para ir para a escola, faz a concentração de adrenalina subir em seu corpo. Pela manhã talvez ela tenha ensaiado algumas coisas na frente do espelho para se sentir mais segura e pintado as unhas de vermelho ou rosa só porque está apaixonada.

Os garotos desejam ter alguém a quem possam carregar a mochila, por mais leve que esteja, só para que o corpo dela fique completamente livre e tenha como único a acessório a sua mão, agora entrelaçada. Os amigos vão rir porque nunca o viram tão bobo assim e até sua mãe vai saber que há alguma garota especial em seus pensamentos. Quando fizer frio não pensar duas vezes em emprestar seu caso e ficar com seus braços em volta dela, mesmo que já esteja aquecida.

Chega um momento que você abre o caderno e se vê rabiscando um nome ao lado de um coração. Liga o celular e digita uma mensagem carinhosa ainda que ele esteja na mesma sala que a sua, só para encontrar aqueles olhos castanhos procurando os seus, florescendo o sorriso pelo qual se apaixonou. Dá medo, dá insegurança, dá nos nervos, mas também dá beijos, olhares, palavras carinhosas e milhares de sorrisos. Dá um milhão de coisas e no final é exatamente esse turbilhão de sensações que todo mundo quer experimentar. Ainda que não dure para sempre, ainda que não termine bem, mas faça as lembranças serem tão bonitas e verdadeiras quanto foi viver e saber que se voltasse a ter dezesseis viveria esse amor de novo, pela primeira ou pela décima vez.